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Foto do escritorICMBio Noronha

Estudo sobre Ciguatera é intensificado em Fernando de Noronha

A pesquisa analisa se o aumento da microalga, Gambierdiscus, está relacionado com o despejo de esgoto doméstico no mar da Ilha.


Foto: Clarissa Paiva

Silvia Nascimento em reunião com pesquisadores e pescadores

Toda a cadeia alimentar está conectada. Quando há um desequilíbrio, mesmo que se inicie com seres microscópicos, invisíveis a olho nu, os impactos chegam até os humanos, como é o caso da contaminação pela ciguatera que acontece no Arquipélago.


Através do programa de monitoramento ecológico de longa duração das comunidades recifais nas Ilhas Oceânicas brasileiras - PELD ILOC, a pesquisadora de Microalgas Marinhas, Silvia Nascimento, da UNIRIO - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, monitora a população de microalgas nocivas bentônicas em Noronha desde 2017. A microalga Gambierdiscus, que vive sobre as algas marinhas, foi observada no Arquipélago em números mais elevados do que em outros locais do Brasil e é responsável pela intoxicação ciguatera, que vem ocorrendo desde 2022 em Noronha.


Foto: Ana Carolina Grillo

Coleta das amostras

As espécies de Gambierdiscus foram encontradas em Noronha desde o início da pesquisa, porém, os casos de Ciguatera (intoxicação em humanos) começaram a acontecer devido ao acúmulo das ciguatoxinas em peixes. Isso ocorre quando pequenos crustáceos e peixes menores, que se alimentam das algas e acumulam as toxinas, que são transferidas dos animais menores para os maiores, na continuação da cadeia alimentar.


Silvia Nascimento ressalta: “As maiores notificações são de intoxicação após ingestão da Guarajuba e Barracuda, porém, isso não significa que outros peixes não possam apresentar riscos à saúde humana. Por isso, a orientação - até o momento - é evitar ingerir peixes.” A hipótese levantada por ela é de que o aumento da entrada de nutrientes no mar, como por exemplo, do esgoto doméstico, esteja servindo de adubo para proliferação das algas, tendo em vista que os fatores naturais também são propícios, como a temperatura da água e alta incidência de luz solar.


Nas pesquisas globais, os principais indicadores de aumento de microalgas nocivas estão relacionados à poluição, eutrofização costeira, despejo de resíduos domésticos e industriais, além do aquecimento dos oceanos e eventos extremos, causados pelas mudanças climáticas.

Foto: Mariana Wanderley de Freitas Barbosa

Análise em laboratório

Na última visita à Noronha, Silvia e a equipe reuniram-se com pescadores, agentes ambientais e da vigilância em saúde para falar sobre o tema, com apoio da Administração da Ilha e do ICMBio para articulação e acompanhamento das reuniões.


Além disso, eles coletaram uma amostragem piloto, que servirá de base para um futuro plano de monitoramento de Gambierdiscus no Arquipélago. Agora, as microalgas estão em processo de análise em laboratório na UNIRIO. A pesquisa foi solicitada pela APEVISA (Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária) e Vigilância em Saúde de Noronha.







Por Mariana Macedo Botão - voluntária comunicação ICMBio Noronha





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