O manejo do peixe é necessário por ser espécie exótica invasora e ameaçar a biodiversidade local.
Foto: Acervo Sea Paradise
No útimo sábado (7), mergulhadores da Sea Paradise conseguiram capturar o peixe-leão de número 100 em Fernando de Noronha, na região de mergulho IUIAS. A espécie é invasora e apresenta risco ao equilíbrio da bidiversidade marinha local. O monitoramento e o manejo do peixe são coordenados pela equipe de pesquisa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) desde o primeiro indivíduo avistado na ilha, em dezembro de 2020.
O centésimo peixe-leão capturado demonstra a efetividade das estratégias de manejo que se consolidaram durante os dois anos de trabalho dos pesquisadores do Instituto em parceria com as operadoras de mergulho e mergulhadores. No primeiro ano de aparecimento da espécie, foi desenvolvido o plano de manejo e algumas normas tiveram que ser reestruturadas para permitir, por exemplo, que embarcações pudessem ter posse de instrumentos de captura, como o arpão. “Esse tipo de atividade é proibida dentro da Unidade de Conservação, mas para esse caso do peixe-leão foi permitida como um procedimento de captura. Esse foi um dos passos realizados ao longo do tempo”, explica a bióloga e responsável pelo monitoramento marinho da ilha, Clara Buck.
O trabalho de manejo da espécie é contínuo e requer adaptações conforme a invasão da espécie ocorre. “É difícil falar de erradicação porque o peixe-leão se reproduz muito rápido e tolera diversas condições ambientais, podendo ir até 300 metros de profundidade”, ressalta Clara. A bióloga explica que no futuro outras estratégias podem ser incluídas no manejo, como o uso de armadilhas específicas para o peixe, a parceria com pescadores e o estímulo ao consumo da carne do peixe-leão, em Noronha.
Os 100 peixes-leões capturados serão utilizados para fins de pesquisa. “Estamos acumulando dados para análise dos conteúdos dos estômagos para saber do que eles se alimentam, por exemplo. Também serão coletados e analisados conteúdos das estruturas reprodutivas para saber quando eles se reproduzem e quantos ovos colocam”, afirma Clara. Além desses, outros dados serão coletados com objetivo de saber a idade dos animais e informações genéticas, que são enviadas para instituições de pesquisa parceiras do ICMBio, como a Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal Fluminense e a Universidade da Califórnia, entre outras.
Porque o Peixe-leão é um invasor
O Peixe-leão, originário do Indo-Pacífico, chegou no continente americano na década de 80, primeiramente na Florida (EUA), e causa prejuízos ambientais. A espécie foi introduzida acidentalmente pelo homem no Caribe, onde sua população chega a ser 12 vezes mais abundante do que em seu lugar de origem, causando sério impacto à vida marinha da região.
Em Fernando de Noronha, o peixe-leão chegou pelas correntes marítimas, conseguindo passar pela barreira natural que as águas da foz do rio Amazonas fazem no mar. Além disso, a espécie tem características que facilitam a tal travessia, como a tolerância de águas turvas e salobras e possuem ampla distribuição latitudinal.
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