Após quatro anos, reprodução de atobá-mascarado volta a ser registrada em Fernando de Noronha
- ICMBio Noronha
- 8 de ago.
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Filhote foi avistado na região do Forte São Joaquim do Sueste, resultado de ações de manejo, ordenamento de trilhas e controle de espécies invasoras
Fotos: Bruno Galvão

Fernando de Noronha celebra uma importante conquista para a conservação da avifauna local. Após quatro anos de monitoramento intensificado, um casal de Atobás-mascarados (Sula dactylatra) foi registrado com um filhote na região do Forte São Joaquim do Sueste. O filhote foi observado pela equipe da Área Temática de Pesquisa e Manejo do Instituto Chico Mendes (ICMBio) de Fernando de Noronha em junho, mas a informação só foi divulgada nesta quarta-feira (6). O evento marca o retorno da reprodução da espécie na ilha, resultado direto das estratégias adotadas nos últimos anos.
Conhecidos por sua habilidade de mergulho e por construírem ninhos em cavidades e áreas expostas, os atobás-mascarados enfrentam desafios em locais com intensa atividade humana e presença de predadores exóticos. Em Fernando de Noronha, a ausência de ninhos em áreas propícias à reprodução vinha sendo observada durante os monitoramentos realizados pela Área Temática de Pesquisa e Manejo do ICMBio.
“A visitação permitia o acesso livre de pessoas naquela região, gerando estresse para as aves. Sem contar, na presença de espécies invasoras, como ratos e tejus, que se alimentam dos ovos e filhotes das aves”, explicou Lucas Penna, Agente Temporário Ambiental do ICMBio-Noronha.

Com o objetivo de estimular o retorno das aves aos ninhais, o ICMBio passou a adotar medidas mais eficazes de ordenamento das trilhas. Entre elas, a delimitação discreta da área de nidificação, integrando a sinalização à paisagem natural.
“Delimitamos o local de forma discreta, integrada à paisagem, para restringir o acesso e diminuir o fluxo de pessoas. Essa medida reduz o estresse das aves e podem permanecer mais tempo no local, além de tornar um novo atrativo para os visitantes”, destacou Penna.
Além disso, outra ação relevante foi o controle de espécies exóticas invasoras, como os Tejus (Salvator merianae) e ratos. Essas espécies representam grande ameaça à reprodução das aves nativas.
“Para enfrentar esse desafio, o ICMBio desenvolve um trabalho contínuo de controle populacional dessas espécies invasoras. No caso específico dos Tejus, foi realizada uma ação de retirada controlada, o que provavelmente contribuiu para o êxito da reprodução do Atobá este ano”, explicou a médica veterinária e bolsista de pesquisa e de manejo de espécies invasoras do ICMBio-Noronha, Taysa Rocha.
A formação dessa nova família de atobás-mascarados acende a esperança de que outras aves escolham a região do Forte de São Joaquim do Sueste para reprodução. Para a equipe do ICMBio de Fernando de Noronha, o sucesso é fruto do trabalho coletivo e de longo prazo em defesa da biodiversidade local. Além das importantes parcerias com universidades, centros de pesquisa, como o CEMAVE, e projetos de pesquisas, como o Projeto Aves de Noronha.
“O sucesso reprodutivo do Atobá-mascarado no Forte São Joaquim é uma conquista significativa para a conservação da espécie e reforça a importância das ações integradas de manejo, fiscalização e educação ambiental em Fernando de Noronha”, concluiu Taysa Rocha.

Por Giselle Vasconcelos - comunicação ICMBio Noronha